terça-feira, 27 de julho de 2010

James Brown - Live at the Apollo (1963)


Tava faltando por aqui alguma coisa do Soul Brother Number One, The Hardest Working Man in Show Business, Mr. Dynamite, the Godfather of Soul, o mestre dos mestres JAMES BROWN. E este show gravado em 24 de outubro de 1962, em plena crise dos mísseis em Cuba, é um registro histórico de mr. Brown. Em 1962 Brown ainda estava relativamente no começo da carreira, mas já começava a enfileirar sucessos entre o público negro. Jovem e repleto da energia que o tornou lendário, respaldado pela não menos lendária banda de apoio The Famous Flames, ele subiu ao palco do famoso Apollo Theater, meca da música negra encravada em pleno Harlem, conhecido pela platéia mais do que exigente. Seus maiores hits, como 'I Got You (I Feel Good)', 'Papa's Got a Brand new Bag' e 'Sex Machine' ainda não tinham sido compostos, mas a coleção de músicas do show é recheada de pedradas, que vão de pepitas do soul mela cueca como 'Lost Someone' e 'Please Please Please' a porradas como 'Think' e 'Night Train', levando o público (principalmente o feminino), ao delírio. A lenda de James Brown começou naquela noite no Harlem. E pensar que o dono da gravadora de Brown não queria pagar pela gravação do espetáculo, que Mr. Dynamite pagou do próprio bolso.. Sonzera obrigatória para quem quer entender a música negra americana na segunda metade do século 20.

James Brown - Live at the Apollo (1963)


01 - Introduction by Fats Gonder/Opening Fanfarre
02 - I'll Go Crazy
03 - Try Me
04 - Think
05 - I Don't Mind
06 - Lost Someone
07 - Medley: Please, Please, Please/You've Got the Power/I Found Someone
08 - Night Train
09 - Think
10 - Medley: I Found Someone/Why Do You Do Me/I Want You So Bad
11 - Lost Someone
12 - I'll Go Crazy

Ouveaê!

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Groove Collective - It's All in your Mind (2001)


Mais uma rapidinha, esse disco de 2001 do Groove Collective, como o próprio nome já diz coletivo de bambas do Acid Jazz formado no início dos ano 90 pelo flautista Richard Worth. No começo mais focado na mistura do acid jazz com o hip hop, com o passar do tempo o som do Groove Collective foi se transformando com a entrada de diversos feras do jazz moderno. Este registro de 2001 é carregado de sons viajantes, grooves hipnóticos, linhas de baixo funkeadas e uma insuspeita pegada latina. Ideal para ouvir diboa em casa relaxando no sofá, bem acompanhado.

Groove Collective - It's All in your Mind (2001)


01: Time Pilot
02. Ransome
03. Dance With You
04. Earth To Earth
05. You're Stepping On My Daisy
06. Stargazer (Feat. Chucho Valdes)
07. Winner
08. In Your Mind
09. Ocean Floor
10. Priye
11. Skye
12. Comparsa Tunina
13. Demon Chaser



Ouveaê!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

VA – Funk on Film: 70′s Screen Scene Funk


Sem muita falação, deixo hoje para vocês essa bela coletânea de sonzeras funk, deep funk, jazz-funk, funk pra ninguém botar defeito, que embalaram as trilhas sonoras de filmes blaxploitation nos anos 70. Só mestres do quilate de Quincy Jones, Herbie Hancock, Jimmy Smith, Ray Barreto, Lalo Schiffrin... Além de clássicos como os temas de Missão Impossível e do James Bond, duas das músicas são facilmente reconhecíveis. "Money Runner", de Quincy, virou trilha de abertura do "Hermes e Renato", e "Bronging Down the Birds", de Herbie, foi sampleada pelo Deee Lite no clássico das baladas "Groove is in the Heart". Groove is in the heart indeed!

VA – Funk on Film: 70′s Screen Scene Funk

1. Johnny Pate – You’re Starting Too Fast
2. Dennis Coffey – Theme From Black Belt Jones
3. Quincy Jones – Money Runner
4. Herbie Hancock – Bringing Down the Birds
5. The Young Lovers – Barbarella
6. Henry Mancini – Streets of San Francisco
7. Jimmy Smith – Mission Impossible
8. Ray Barretto – Senor 007: James Bond Theme
9. The Nite-Liters – Buck and the Preacher
10. Quincy Jones – They Call Me Mr. Tibbs
11. Johnny Pate – Shaft in Africa
12. Quincy Jones – Fat Poppadaddy
13. J.J. Johnson – Willie Escapes
14. Edwin Starr – Easin’ In
15. [unknown] – Brents Interrogation (vocal skit)
16. Lalo Schifrin – Ape Shuffle
17. Roy Ayers – Aragon
18. Penny Goodwin – Too Soon You’re Old
19. [unknown] – Williams and Roper (vocal skit)


Ouveaê!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Cartola, o Bluesman do Brasil

(post dedicado ao Bin Laden) *piada interna*


"Gosto de fazer samba de dor de cotovelo, falando de mulher, de amor, de Deus, porque é isso que acho importante e acaba se tornando uma coisa importante"


O Blues e o Samba são duas manifestações distintas dos ritmos africanos que foram levados pelos escravos para as Américas. O blues se originou entre os negros trabalhadores agrícolas do sul dos Estados Unidos, em ambiente rural, mas só tomou sua forma final nos centros urbanos, como Nova Orleans, Memphis e Chicago. No Brasil deu-se o mesmo, e o samba como conhecemos se originou em Salvador e no Rio de Janeiro. Ambos também tem em comum o amálgama dos ritmos africanos com as melodias da música européia. E também compartilham a temática das músicas: amores perdidos, mulheres, Deus, saudades e a crônica da vida nas camadas mais baixas da sociedade. Mas o ritmo que surgiu nos trópicos do hemisfério sul é diferente do originário das áreas temperadas do hemisfério norte. O samba, por exemplo, é muito mais calcado na percursão dos tambores, pandeiros e tamborins, junto com o cavaquinho e o violão, este último o instrumento típico do blues.

E se existe um sambista que poderia muito bem ser um típico bluesman se seus antepassados tivessem sido levados para o delta do Mississipi e não para o Rio de Janeiro, este seria Angenor de Oliveira, o Cartola. Primeiro de oito filhos do casal Sebastião Joaquim de Oliveira e Aída Gomes de Oliveira, nasceu em 1908 no bairro do Catete, onde o pai era funcionário do Palácio Presidencial. Depois a família se mudou para Laranjeiras, e o menino Angenor (que deveria se chamar Agenor, mas foi vítima de erro do escrevente no cartório ao ser registrado), torcedor do Fluminense, o time do bairro, teve acesso à escola primária, algo raro para crianças negras na época. Também desde garoto ele brincava o carnaval nos ranchos e blocos de Laranjeiras. Mas a situação da família ficou difícil e em 1919 se mudaram para o Morro da Mangueira, na Zona Norte, onde então havia uma pequena favela, com menos de 50 barracos. Lá, o adolescente Angenor, já tendo largado da escola, se tornou protegido do grande sambista e malandro Carlos Cachaça. Foi trabalhar de pedreiro, e por usar um chapéu coco para proteger a cabeça do cimento, ganhou o apelido. Aos 17 anos, sua mãe morreu e os crescentes conflitos com o pai por causa de seu comportamento boêmio o levaram a sair de casa. Começou a viver na vadiagem, dormindo em vagões de trem, perambulando pela noite e frequentando prostíbulos, onde adquiriu uma variedade de doenças venéreas. Essa vida de malandragem o levou a se enfraquecer, e Cartola foi "adotado", por Deolinda, uma vizinha mais velha, com quem acabou se casando. Em 1925 criou, com Carlos Cachaça e outros malandros do morro, o Bloco dos Arengueiros, que três anos depois se tornou a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Na década de 30 seus sambas começaram a fazer sucesso na voz de famosos cantores da época, como Mário Reis e Francisco Alves. Conheceu e ficou amigo de Noel Rosa, e juntos compuseram "Tenho um novo amor", gravada por Carmen Miranda. Vários de seus sambas foram levados pela Mangueira para os desfiles de Carnaval.

Em 1940, Cartola foi convidado pelo Maestro Heitor Villa-Lobos, juntamente com outros músicos como Donga, Jararaca e Ratinho, João da Baiana e Pixinguinha, para uma gravação de músicas dos diversos ritmos afro-brasileiros, encomendados pelo maestro americano Leopold Stokowski. A histórica gravação está hoje preservada no Registro Nacional de Gravações da Biblioteca do Congresso Norte-Americano. Nesta época Cartola tinha um programa de rádio chamado "A voz do morro", onde apresentava novos sambistas. Mas pouco após estas consagrações, veio a reviravolta trágica digna de um blues. Em 1947 brigou com a nova diretoria da Mangueira e deixou o morro. Pouco após, sua amada Deolinda morreu, e ele teve uma doença grave, provavelmente Meningite. Cartola sumiu do mapa, e muitos achavam que estivesse morto. Passou assim as próximas duas décadas, trabalhando em subempregos e entregue à bebida. Foi "salvo" pela segunda mulher da sua vida, Eusébia do Nascimento, a dona Zica, que o levou para morar com ela na Mangueira.

Mas o sambista Cartola só foi redescoberto em 1957, quando trabalhava de vigia e lavador de carros em um prédio de Ipanema. Foi reconhecido pelo jornalista Sérgio Porto, mais conhecido pela alcunha de Stanislaw Ponte Preta. Porto resolveu ajudar o sambista, em uma série de artigos divulgou que ele estava vivo, e o levou a fazer apresentações na rádio e em show. Na década de 60, com a ajuda de admiradores da Zona Sul carioca, Cartola e Dona Zica abriram o lendário bar Zicartola, no centro do Rio, que se tornou um dos principais locais de encontro dos sambistas de raiz com os jovens de classe média que naquela época desenvolviam a Bossa Nova. Apesar da programação musical impecável e os famosos quitutes preparados por dona Zica, o bar era mal administrado e fechou após apenas dois anos. Mas foi o suficiente para que, com parceiros como Élton Medeiros e o velho companheiro Carlos Cachaça, Cartola compusesse de improviso, no bar, duarante as noitadas, belíssimos clássicos como "O sol nascerá" e "Alvorada". A primeira fez parte do repertório do histórico concerto "Opinião", organizado por Nara Leão, que o tornou definitivamente conhecido pelo público mais jovem, de classe média.

Foi apenas em 1974, aos 66 anos, que Cartola gravou seu primeiro LP, graças aos esforços do pesquisador musical Marcus Pereira. Respaldado por excelentes músicos, como o violonista e arranjador  Dino Sete Cordas, Cartola gravou uma impressionante coleção de algumas das mais belas músicas da história da música brasileira. Com letras de impecável português, equilibrando magistralmente elegância e emoção, tratando dos temas citados no começo deste post, ou seja, muita dor de cotovelo, corações partidos e uma "tristeza alegre", traduzida em músicas como "Tive Sim"(feita para dona Zica), "Corra e olhe o céu", "Quem me vê sorrindo", "Disfarça e chora", "Acontece", "alvorada" e "O Sol nascerá". Mesmo músicas aparentemente mais alegres, como as duas últimas, tinham um subtexto de tristeza comparáveis aos mais tristes blues. Em 1976, saiu seu segundo LP, que trazia outros clássicos como "As rosas não falam", "Senhora Tentação", a tristíssima "O mundo é um moinho" e a maravilhosa "Preciso de me encontrar", essa composta por Candeia. Cartola morreu em 1980, mas suas músicas viverão para sempre. Enquanto houver um coração partido, suas letras e suas melodias tristes farão sentido.



Cartola - Cartola (1974)


1 - Disfarça E Chora (Cartola - Dalmo Casteli) 
2 - Sim (Cartola - Oswaldo Martins) 
3 - Corra E Olhe O Céu (Cartola - Dalmo Casteli) 
4 - Acontece (Cartola) 
5 - Tive Sim (Cartola) 
6 - O Sol Nascerá (Cartola - Elton de Medeiros) 
7 - Alvorada (Cartola - Carlos Cachaça - Hermínio B. de Carvalho) 
8 - Festa Da Vinda (Cartola - Nuno Veloso) 
9 - Quem Me Vê Sorrindo (Cartola - Carlos Cachaça) 
10 - Amor Proibido (Cartola) 
11 - Ordenes E Farei (Cartola - Aluizio) 
12 - Alegria (Cartola) 


Ouveaê!


Cartola - Cartola (1976)




01 - O Mundo é um Moínho
02 - Minha
03 - Sala de Recepção
04 - Não Posso Viver Sem Ela
05 - Preciso Me Encontrar
06 - Peito Vazio
07 - Aconteceu
08 - As Rosas Não Falam
09 - Sei Chorar
10 - Ensaboa Mulata
11 - Senhora Tentação
12 - Cordas de Aço 



Ouveaê!